quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Bacias Rio do Peixe, PB




              Bacias Rio do Peixe, PB

                          (As Pegadas de dinossauros)


INTRODUÇÃO

    As bacias do rio do Peixe são quatro bacias sedimentares denominadas como Sousa, Uiraúna-Brejo das Freiras, Pombal e Vertentes. Localizam-se no oeste do estado da Paraíba nos municípios de Sousa, Uiraúna, Poço, Brejo das Freiras, Triunfo, Santa Helena e Pombal (Figura 1). As duas primeiras bacias - Sousa e Uiraúna-Brejo das Freiras - contém uma abundante icnofauna de tetrápodes, consistindo de pegadas e pistas de carnossauros, e ornitópodes. Icnofósseis de invertebrados tais como pistas e escavações produzidas por artrópodes e anelídeos também são comuns (Fernandes & Carvalho, 1997). Apesar da forte cor avermelhada, típica de ambientes subaéreos, há alguns níveis de folhelhos esverdeados, argilitos e siltitos, onde os fósseis estão presentes. São ostracodes, conchostráceos, fragmentos de vegetais, palinomorfos, escamas de peixes e fragmentos ósseos de crocodilomorfos.
Sousa e Uiraúna-Brejo das Freiras são duas bacias cretáceas da região do Rio do Peixe que possuem uma grande quantidade de pegadas de dinossauros. Estas bacias estão localizadas no oeste do Estado da Paraíba, Nordeste do Brasil, e suas origens relacionam-se aos movimentos de falhas transcorrentes ao longo de lineamentos pré-existentes do embasamento, durante a abertura do Oceano Atlântico.
A principal icnofauna de tetrápodes compõe-se de pegadas isoladas e pistas de grandes e pequenos terópodes, além de ornitópodes. Também há icnofósseis de invertebrados tais como pistas e escavações produzidas por artrópodes e anelídeos. Os fósseis são palinomorfos, fragmentos de plantas, ostracodes, conchostráceos, escamas de peixes e ossos de crocodilomorfos. Estes fósseis estão preservados em depósitos de leques aluviais, rios anastomosados, meandrantes e lagos rasos de idade neocomiana - Berriasiano a Barremiano inferior.
A relevância paleontológica-geológica das bacias de Sousa e Uiraúna é a abundância em icnofaunas dinossaurianas. Já foram identificados e mapeados 22 sítios icnofossilíferos, e reconhecidas 296 pistas de grandes terópodes; 29 de pequenos terópodes; 42 de saurópodes; 2 de ornitísquios quadrúpedes; 28 de ornitópodes graviportais; um conjunto de pegadas batracopódidas; uma impressão lacertóide; um grande número de pegadas não classificáveis e muitas pistas de semi-natação atribuídas a quelônios. Ao todo já foram classificados um número superior a 395 indivíduos dinossaurianos.
A área mais importante de distribuição de pegadas fósseis, localizada em Passagem das Pedras (Fazenda Ilha) no município de Sousa é atualmente um parque natural - Monumento Natural Vale dos Dinossauros. O parque com 40 hectares de área é presentemente um dos sítios paleontológicos melhor preservados no Brasil. Possui infra-estrutura turística e guias treinados para o turismo ecológico e para proteção do sítio icnofossilífero.

Sousa e Uiraúna-Brejo das Freiras são bacias intracratônicas do Nordeste do Brasil, que se desenvolveram ao longo de lineamentos estruturais pré-existentes do embasamento, durante a abertura do Oceano Atlântico. A idade destes depósitos, baseada em material polínico, é característica dos andares locais Rio da Serra (Berriasiano ao Hauteriviano) e Aratu (Barremiano inferior) segundo dados de Lima & Coelho (1987) e Regali (1990).

    A sedimentação nestas bacias foi controlada pelos processos tectônicos regionais (Lima Filho, 1991; Lima Filho et al., 1999). Durante o tempo Dom João (andar Purbeckiano), devido ao estiramento crustal, bacias sigmoidais  desenvolveram-se na inflexão das falhas noroeste-sudoeste e este-oeste. Durante o tempo Rio da Serra (Berriasiano ao Hauteriviano), sob o mesmo regime tectônico, as áreas bacinais aumentaram e suas formas passaram a romboidais. No último estágio, provavelmente no final do tempo Aratu (andar Barremiano inferior), houve uma mudança no padrão tectônico e a acumulação de sedimentos entrou em declínio. Os depósitos aí encontrados refletem um controle direto da sedimentação pela atividade tectônica. Ao longo das bordas falhadas das bacias, a deposição consistia de leques aluviais, modificando-se distalmente para sistemas fluviais entrelaçados. Na região central destas bacias, estabeleceu-se um sistema fluvial meandrante com uma ampla planície de inundação, onde ocorriam lagos perenes e temporários (Carvalho 2000a).
    A relevância paleontológica e geológica das bacias de Sousa e Uiraúna-Brejo das Freiras está na abundância de icnofaunas dinossaurianas que representam parte de um amplo megatracksite do início do Cretáceo (Viana et al., 1993; Carvalho 2000a) estabelecido durante os estágios iniciais da abertura do Atlântico Sul. Nesta região foram encontrados 22 sítios icnofossilíferos com mais de 395 indivíduos dinossaurianos.
 



Tudo sobre as pegadas de dinossauros na Bacia do Rio do Peixe



                               Tudo sobre as pegadas de dinossauros na Bacia do Rio do Peixe, veja fotos :


Desde muito tempo atrás os agricultores da Bacia do Rio do Peixe usam lâminas de rochas sedimentares para a construção de cercas, de moradias rurais e os mais diversos usos afins porque fornecem cortes perfeitamentecretos e planos.
Com os pedaços de rochas sedimentares cortados, vão juntos desde pegadas de dinossauros a outras ocorrências da paleontologia que no desconhecimento dos sertanejos nem sabem distinguir o que seja ou pegada ou uma depressão geológica erosiva na rocha cretácea.
“Já há alguns dias passados percorrendo roças encontrei ao pé de cercas pedaços de rochas contendo pequenas pegadas de dinossauros”.
“Num pedaço de rocha há uma pequena trilha com três pegadas em linha reta. Já em outro duas pegadas preenchidas por sedimentos, seguindo em sentidos opostos, muito interessantes e por que não dizer: inéditas”. “Antes, havia encontrado pegadas idênticas as que achei em pedras soltas ao pé de cercas nos sítios Juazeirinho e Araçás, no município de São João do Rio do Peixe - PB” (fotos).
No passado o paleontólogo Giuseppe Leonardi catalogou inúmeras pegadas de dinossauros que existiam em cercas de pedra no sitio Cabra Assada, no município de São João do Rio do Peixe. Com a construção da BR-405/PB essas cercas foram totalmente destruídas porque estavam no leito da nova rodovia.
Vale destacar que essas preciosidades da paleontologia que se encontra em tais condições, ou seja, passíveis a destruição, fornecem preciosas informações de interesse científico, carecem, entretanto de serem levadas para museus preferencialmente localizados na Bacia do Rio do Peixe, com a indicação dos locais onde foram encontradas para a admiração do público em geral e futuras pesquisas sobre o Vale dos Dinossauros.





paleoceanografia










Paleoceanografia


                                                

                                             Paleoceanografia 

Também chamados de estudos paleoambientais, sem dúvida a identificação de eventos paleoceanográficos e a indicação de eventos paleoclimáticos é uma grande potencialidade da Estratigrafia Química. O princípio do método baseia-se no fato de que alterações biológicas, químicas e físicas que ocorrem nos oceanos, afetam a composição dos carbonatos gerados naquele determinado intervalo de tempo, assim como influenciam a matéria orgânica produzida. Geralmente os dados geoquímicos utilizados para este tipo de estudo é d18O (razão entre o isótopo 16O e 18O) e d13C (razão entre o isótopo 12C e 13C); os valores isotópicos podem ser obtidos a partir da análise química de amostras de fósseis (como foraminíferos e nanofósseis calcários) e podem ser obtidos a partir da análise em rocha total, geralmente realizada em rochas carbonáticas.
O controle isotópico do oxigênio, em relação à temperatura funcionada, de maneira simplificada, da seguinte forma: em condições interglaciais, íons de carbonato com átomos de 18O tendem a se manter em solução e os carbonatos precipitados sob estas condições são menos enriquecidos em 18O e mais enriquecidos em 16O (que é mais abundante na natureza). Um importante processo que produz modificações na composição isotópica do oxigênio da água do mar é a evaporação. Sendo a evaporação maior que a precipitação há concentração do isótopo 18O no oceano (além do aumento da salinidade).

Durante os períodos glaciais o vapor d’água enriquecido em 16O não retorna aos oceanos em forma de chuva, permanecendo retido nos continentes em forma de gelo, o que gera um aumento relativo do isótopo 18O nas águas oceânicas.

Nesta situação os carbonatos gerados serão mais enriquecidos em d18O, e as diferenças na composição isotópica da água oceânica causadas por condições de glaciação poderão ser percebidas, no estudo dos isótopos.